70 mil desalojados e a água não pára…
As inundações do Rio Zambeze e afluentes, que duram desde Outubro, já fizeram dezenas de mortos, sendo três vítimas de ataques de crocodilos.
O Governo moçambicano activou o alerta vermelho devido às cheias no centro do país, que afectaram já 70 mil pessoas, e accionou o Centro Nacional Operacional de Emergência para coordenar operações de socorro e retirada de populações em risco.
A situação de cheias no centro de Moçambique vai piorar nos próximos dias, devido às descargas da Hidroeléctrica de Cahora Bassa e às chuvas nos países vizinhos, disse o porta-voz do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), Bonifácio António.
O ministro da Administração Estatal indicou que a capacidade interna em meios humanos está já a ser usada na totalidade, situação que está a forçar as autoridades moçambicanas a reverem o seu plano de contingência. "Estamos, neste ano, a registar uma situação anormal em relação ao comportamento chuvoso. Nunca tivemos uma situação de, neste período do ano, termos quase todos os grandes rios que atravessam o país a transbordarem", disse Lucas Chomera.
"Os solos já estavam saturados e as chuvas vieram complicar a situação e tudo indica que teremos ainda grandes problemas", admitiu. Segundo dados oficiais divulgados em Maputo, a situação nas quatro Bacias Hidrográficas continua acima do normal devido às chuvas na Zâmbia, Zimbabué e Malaui, regiões de onde vem grande parte dos principais rios que atravessam Moçambique.
"Neste momento os rios Save, Búzi, Púngoe e Zambeze, apresentam níveis hidrométricos acima do nível crítico em quase todas as estações de observação".Na bacia do Save estão inundadas a sede do distrito de Machanga e a vila de Nova Mambone, no distrito de Govúro, enquanto na bacia do Búzi está inundada a vila do Búzi e na bacia do Púngoe, todas na região centro, estão alagadas extensas áreas dos distritos de Dondo e Nhamatanda, ameaçando cortar vias de acesso. Na bacia do Zambeze as inundações atingem algumas áreas dos distritos de Mutarara, Marromeu, Caia, Chinde e Mopeia. Em consequência das inundações nestas bacias, 70.000 pessoas já foram afectadas, das quais cerca de 13 mil estão nos centros de reassentamento e as restantes encontram-se temporariamente abrigadas em escolas ou outras instituições públicas.
A estação das chuvas ainda está no começo e as previsões não são famosas; segundo o director do Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique (INAM), Moisés Benesene, o pior ainda está para vir uma vez que os meses mais chuvosos custumam ser Janeiro, Fevereiro e Março. Com o número de mortos a subir e a situação humanitária a agravar-se, as ONG's organizações não-governamentais Oikos e Save The Children iniciaram campanhas de recolha de donativos, iniciativa partilhada também pela Cruz Vermelha.
Ricardo Teixeira